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segunda-feira, 16 de maio de 2016

Mesmo com chuva histórica, abastecimento não mudará na RMR

Enquanto isso, apenas o que fica do temporal é um rastro de destruição (Foto: Reprodução/Whatsapp)
O Grande Recife registrou entre os dias 8 e 10 deste mês a pior chuva dos últimos 30 anos. A grande quantidade de água que caiu, no entanto, não representará benefícios diretos para o cidadão. Em pelo menos 37% das residências na Região Metropolitana chegam a ficar três dias sem água na torneira e isso não deverá mudar a curto prazo. Obras complementares, como a instalação de tubulações da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), não têm previsão de ser realizadas. Enquanto isso, o que fica do temporal é apenas o rastro de destruição.
Após as chuvas, as barragens, que já estavam cheias, esbanjam alto volume de água, no Grande Recife. Por exemplo, a barragem Bita, no Cabo de Santo Agostinho, opera em 97,3% da sua capacidade. Pirapama e Sucupema, ambas também no Cabo, sangram com 103,4% e 100,3%, respectivamente. Ao todo, são seis barragens que atenderiam toda população, se essas obras da companhia estivessem em dia.
Barragem de Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, está no limite de sua capacidade (Foto: Reprodução / TV Globo)Barragem de Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, está no limite de sua capacidade (Foto: Reprodução / TV Globo)
Procurada, a Compesa não informou quantas localidades sofrem com o calendário de abastecimento. Informou, contudo, que 63% das localidades da Região Metropolitana do Recife não têm racionamento. “Mesmo com as barragens cheias, muitas áreas não tem calendário alterado porque dependem de obras complementares para que isso aconteça”, disse em nota.

Questionada, adiantou que os diretores preferem não falar por hora. “Estão estudando os dados das barragens para poder fazer o posicionamento”.
Em contrapartida, outras regiões do estado vivem uma situação oposta quando o assunto é chuva e abastecimento de água. Das 49 barragens pernambucanas, 28 estão em colapso. Das que estão situação crítica, todas estão localizadas no Agreste ou Sertão pernambucano. Ao todo, são 170 municípios que convivem com a incerteza de que alguma água sairá das torneiras. Uma realidade que não mudará para melhor nem tão cedo, segundo o meteorologista da Agência de Águas e Clima Fabiano Prestrelo.
"Para que os níveis desses reservatórios voltem a subir precisamos de um período chuvoso igual ou superior ao da seca. Nesse ano, não tivemos por causa do fenômeno El Niño. O que estava ruim piorou. Precisamos de um sistema oposto desse, o La Niña, mas não há previsão desse fenômeno também para o próximo ano", explicou.
Bacias hidrográficas como a do Rio Brígida estão com todas as oito barragens em colapso. Já a bacia hidrográfica do Rio Terra Nova está com três das quatro barragens zeradas. Desde o dia 10 de abril, Belo Jardim, Sanharó, Tacaimbó e São Bento do Una, todos no Agreste, estão sendo abastecidos exclusivamente por carros-pipa. A medida emergencial se dá pelo colapso das barragens de Bitury e Pedro Moura Júnio.
De acordo com a Compesa, o gasto mensal para o fornecimento nestas quatro cidades será de R$ 500 mil para custear 70 carros-pipa - 50 para Belo Jardim e 20 para os demais municípios. os recursos são da companhia e do governo federal, por meio da Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe). [Veja vídeo abaixo]
Como o período de chuvas no interior do estado ocorre entre janeiro e abril, não há muito o que fazer a curto prazo. "Estamos com essas barragens operando abaixo da média desde 2012. O problema é que temos regiões mais altas e mais baixas no Agreste e Sertão, o que dificulta também. Cada região tem suas características e não temos como forçar a natureza", completa o meteorologista ao dizer que a previsão para o próximo ano não é animadora.
Assim como a questão de falta de uma gestão eficaz para contornar o problema do racionamento na Região Metropolitana do Recife, o meteorologista também aponta a necessidade de projetos funcionais no interior do estado.

"Temos também o crescimento populacional, com mais pessoas necessitando desse abastecimento hídrico. É uma questão social também. Não podemos deixar de mencionar a questão da gestão municipal, que faz toda diferença. Por exemplo, o uso da cisterna é fundamental nessas regiões de seca. Em um local onde chove 100 milímetros em um mês e a evapotranspiração é 10 milímetros por dia, a água acaba se não tiver essa opção para", concluiu Fabiano.
G1 - PE 

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