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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

PLANEJADA PARA SER GRANDE PELOS GRANDES; PREJUDICADA PELOS SEM-VISÃO


Perceba que ainda não existia a Praça Frei Ibiapina, mas o amplo espaço foi deixado por gente com visão (também) ampla, baseada em projetos alemães, como a igreja matriz. O que você talvez não saiba é que o pensamento menor terminou cedendo o espaço onde hoje está fincado o Banco do Brasil e o seu estacionamento. Tudo aquilo era uma só praça. Com o espaço original e sem o Banco mal situado (hoje), não teríamos tanto congestionamento e transtornos.
Localize-se na foto, que foi tirada a partir de um ponto perto de onde (acreditem) construíram um BANHEIRO – contra o qual muito lutei, mas não venci. À direita a atual igreja Universal; à frente a esquina da Caixa e mais adiante a Igreja Matriz. A esquerda existia a Igreja de São Vicente – demolida. Aos fundos da igreja matriz, você não ver, mas foi deixado livre pelos fundadores o enorme espaço onde hoje temos a Avenida Antônio de Barros Muniz. Tivessem os sucessores de Francisco da Rosa Muniz e Padre Luis pensado grande, como os Coelho pensaram em Petrolina, hoje seríamos uma cidade modelo, sem problemas, apenas com lindas casas, lindas praças e largas avenidas.
Talvez você também não saiba, mas nem aquela rua de Luisito Fotogradias deixaram que ficasse larga. Foi preciso o ex-prefeito Valmir Lacerda negociar com os donos, indenizar, e destruir com marreta o que transformava o acesso da Igreja Matriz em simples viela ou beco.
Hoje, para infelicidade de quase todos os araripinenses e para tristeza minha, que gastei dois anos elaborando o Plano Diretor da cidade, junto com a sociedade e com apoio de Dr. Wilton Pereira, vejo nascer na área mais nobre e bonita da querida Araripina um conjunto habitacional que mais parece uma maquete avantajada, que não respeitou sequer a força das águas, impedindo que a área mais vistosa (O Alto da Boa Vista) ficasse impossibilitada, de vez, de ser um bairro com casas planejadas e muito verde, respeitando o relevo íngreme, a paisagem belíssima e sobretudo respeitando a vida de quem vai morar e edificar embaixo sujeito a enxurradas. Toda aquela área construída e desmatada para construir é, por Lei, proibida para de ser usada para construções que deixem menos de 75% de área verde, tanto para infiltração (e não inundação), quanto para preservar a bela paisagem não mais existente. Ou seja: a prefeitura só pode autorizar a construção de 25 metros quadrados em cada 100 metros quadrados de terreno. Algo como obrigar a se construir casas com dois pavimentos. Como se diz, um primeiro ou segundo andar, que ocupe 50 m2 de um terreno de 200 m2, e nunca menor do que isso de área verde. Mire nas imediações do Granjeiro, em Crato, para entender o que falamos.
Mas, ao contrário disso, ali não se pensou em praças, ali não se pensou na necessidade de quadras esportivas, campinhos, ruas largas de acesso, nada disso. Apenas e tão somente se pensou no lucro fácil de gente que chega à cidade interessada nas obras do PAC e visão de negócio, claro, pois não PE arquiteto da cidade, muito menos veio para ficar,e por isso não tem culpa de não tê-los oferecido outra opção de terreno. Não estamos aqui criticando o empresário, ou empresários, eles nada sabem sobre isso, e nem têm obrigação de saber.
O poder público não viu o conjunto, nem o futuro, sequer tentou evitar problemas de adensamento que surge. Não pensou no controle social e nas medidas de segurança, na forma de mobilidade urbana, na aptidão dos futuros moradores, quase todos aptos a trabalhar na indústria, que sabemos se situa no outro lado da cidade, onde estão as minhas e fábricas de gesso e placa. Tudo aquilo poderia ter sido construído em outro lugar, aproximando os trabalhadores de seus postos de trabalho, evitando atropelamento das leis de ocupação e uso do solo e também evitando que, no futuro, a área mais nobre da cidade esteja ocupada por gente triste, que vive acordando cedo para trabalhar longe, que vive correndo com medo da chuva e da falta de oportunidades, e que somente contempla, do alto, a parte nobre que cresce e enriquece em baixo, gerando revolta em muitos e medo em outros que trabalham honestamente para erguer o Brasil.
Fazer o que? Quase pouco resta a ser feito. Quem tem coragem de agir, de fazer cumprir a lei? De tomar medidas duras agora para garantir o progresso em bases sustentáveis depois?
Sou quase um solitário nessa luta. Procurei a muitos que poderiam ter evitado aquilo. Sequer fui ouvido. As soluções (apara eles) precisavam ser urgentes, pois os votos precisavam aparecer logo. Ninguém pensou em Araripina. Quase todos pensaram nos lucros e nos votos. E assim vamos.
Para quem entende de Plano Diretor e de Estatuto das Cidades: Aquela área não foi e nunca será uma ZEIS, para onde se permite concessões de benefícios e isenções de impostos. Aquilo é uma ZEOC – Zona Especial de Ocupação Controlada, que impõe limites às intervenções e edificações. Portanto, a Caixa Econômica Federal sequer pediu para ver o Plano Diretor do Município antes de autorizar aquilo que consolida a fama do Brasil.
Que seja diferente de agora em diante.
por Ronaldo Lacerda
blog do Flávio galdino

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