O advogado do pai de Joaquim Ponte Marques, Alexandre Durante, esteve nessa quinta-feira (14) na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ribeirão Preto (SP) e teve acesso ao depoimento prestado por Natália Ponte nesta tarde. Segundo o advogado, a mãe do menino disse pela primeira vez que já foi ameaçada de morte por Guilherme Longo - padrasto de Joaquim e principal suspeito do desaparecimento e morte da criança. Para Durante, no entanto, as declarações de Natália não foram esclarecedoras, uma vez que ela relata pontos que contrastam com o depoimento prestado no domingo (11). "Antes ela não falava sobre ameaça de morte. Hoje ela já relatou isso. A meu ver, a credibilidade das informações que ela passa diminui a cada depoimento", afirma. O delegado Paulo Henrique Martins de Castro, que chefia as investigações, não quis dar detalhes sobre o depoimento da mãe de Joaquim. Antes de revelar que foi ameaçada de morte por Longo, Natália havia mencionado problemas com relação ao uso da insulina em Joaquim - dentre eles uma suposta tentativa de suicídio praticada pelo marido com o medicamento destinado ao menino. Mas somente no depoimento desta terça, de acordo com Durante, Natália teria dito que, em uma determinada ocasião, Guilherme Longo teria se esquecido de aplicar a substância na criança. Isso teria acontecido, de acordo com ela, no final de semana de 26 de outubro. Na data, quando o pai Arthur Paes ao filho visitava a família, Natália teria pedido a Longo que aplicasse uma unidade de insulina no menino. No fim do dia, no entanto, o padrasto teria confessado a ela que não aplicou o medicamento. "O Guilherme havia dito a ela que tinha dado a insulina. O Arthur, no entanto, questionou a Natália naquele mesmo dia dizendo que a glicemia do Joaquim estava alta. Só hoje [terça-feira], ela veio falar que após esse questionamento, no final daquele dia, o Guilherme veio falar que não tinha aplicado a insulina no menino", diz. O advogado, no entanto, não considera os detalhes do novo depoimento de Natália esclarecedores para as investigações. "É preciso ter uma certa cautela. De esclarecedor ela não acrescentou muita coisa. O depoimento dela, em comparação ao anterior, não tem muita lógica justamente por ter informações que contrastam entre si", explica. Provas suficientes Durante afirmou que as provas existentes já seriam suficientes para considerar tanto Natália quanto Longo culpados pelo desaparecimento e morte de Joaquim. "A meu ver, não podemos falar que foi um crime culposo [sem intenção], porque a criança foi jogada no rio. E o fato de haver um histórico de pesquisa na internet sobre insulina também indica que o crime pode ter sido premeditado", comenta. A mudança no discurso de Natália desde o desaparecimento de Joaquim até a localização do corpo descarta a possibilidade de inocência de Natália, segundo o advogado. "Se ela não tivesse qualquer tipo de participação no crime, ela poderia ter declarado no dia em que o menino sumiu que já havia sido ameaçada pelo marido. Ela passaria a ser vítima tanto quanto o filho. O fato de ela ter mudado o discurso somente após ter tido a prisão decretada dá fortes indícios de que ela não é inocente", conclui. Linha de investigação e depoimentos Nesta quinta-feira, o promotor do caso Marcus Túlio Nicolino afirmou que a polícia e o Ministério Público continuam trabalhando com ‘a linha de que o assassino estava dentro da casa’. Guilherme Longo e Natália Ponte negam envolvimento na morte de Joaquim. Entretanto, Natália revelou nos três depoimentos prestados após sua prisão que sofria agressões e ameaças por parte do marido, além dos ciúmes que Longo sentia do enteado. O padrasto nega as afirmações e diz que eles tinham apenas brigas corriqueiras. Nicolino disse que a realização de uma acareação entre Natália e Longo não deve acontecer neste momento, mas confirma que a reconstituição do que aconteceu na casa da família, na madrugada em que Joaquim desapareceu, será realizada nos próximos dias. Durante depoimento na quarta-feira (13), Longo contou à polícia que, semanas antes do desaparecimento de Joaquim, aplicou em si mesmo a insulina do tratamento do menino contra o diabetes. Segundo o padrasto, ele havia usado quatro cápsulas de cocaína, obtidas na troca de um celular, e se autoaplicou 30 unidades da medicação para conter a “fissura”. O advogado dele, Antônio Carlos de Oliveira, afirmou que Longo sabia dos efeitos do hormônio por causa dos cuidados com o enteado. Entretanto, Natália havia afirmado anteriormente que, dois dias antes do sumiço de Joaquim, Longo teria tentado se matar usando a insulina. O promotor e a polícia suspeitam que uma superdosagem de insulina pode ter levado Joaquim à morte. Desde o início das investigações, a Polícia Civil obteve imagens registradas por câmeras de segurança instaladas na rua onde fica a casa da família de Joaquim e próximo à casa do pai de Guilherme, Dimas Longo. Segundo o delegado, Dimas saiu de carro da casa dele, na madrugada do desaparecimento de Joaquim, e retornou algum tempo depois. As imagens ainda estão sendo analisadas pela Polícia Civil. O promotor afirmou que, na última semana, a polícia obteve um vídeo – também gravado na madrugada do sumiço do menino – que mostra um homem carregando um objeto que se parece com uma sacola grande, andando pela rua da casa da família. "Esse homem carrega um pacote, uma espécie de sacola, com as duas mãos. Momentos depois, a mesma pessoa faz o caminho de volta, porém sem o pacote em mãos", explica. As imagens não foram divulgadas pela polícia, mas já foram incluídas no inquérito. A Polícia Civil aguarda ainda o resultado dos laudos toxicológicos feitos no corpo do menino. Fonte: G1 Publicado por Blog do Flávio Galdino às 09:00 |
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sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Mãe diz à polícia que foi ameaçada de morte por padrasto de Joaquim
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